NOVOS CENÁRIOS FAVORECEM O LONGO PRAZO

Hoje, os fundos de pensão brasileiros têm até mais motivos para investir pensando no longo prazo. A tendência nesse sentido já existia desde sempre, uma vez que casa com o ciclo de várias décadas que constitui a própria natureza de nossas entidades, mas agora surgiram mais razões, nota Maurício Wanderley, Diretor de Investimentos da Valia e Coordenador da Comissão Técnica Nacional de Investimentos da Abrapp. “As novas regras de precificação de ativos são muito positivas e oferecem às fundações as condições para se concentrarem ainda mais no longo prazo”, aponta Maurício.

Se concentrarem no longo prazo e nos títulos públicos, objetivos que se confundem em larga medida. “No mercado já se percebeu um crescimento nas aquisições de NTN-Bs já em dezembro último”, observa Carlos Garcia, diretor-presidente da Itajubá Investimentos.

No entender de Maurício, essa visão mais harmoniosa no tratamento de ativos e passivos, trazida pelas novas regras de precificação, reforçam a cultura do longo prazo por, em primeiro lugar, minimizarem os efeitos dos momentos de mercado volátil e trazerem mais previsibilidade. A gestão se torna mais previsível na medida em que desaparece o temor de se ser obrigado a equacionar um déficit sem que haja motivos para isso.

As novas regras e as condições atuais do mercado, por sua vez, induzem à compra de títulos mais longos. “Hoje, tais papéis estão pagando acima da meta atuarial da grande maioria das entidades”, diz Maurício.

A alta dos juros naturalmente desestimula e atrasa a diversificação. Não no caso da Vale, esclarece Maurício, adiantando que a sua entidade já diversificou bem mais que o sistema em sua média e não pode ficar entrando e saindo dos projetos de private equity de que participa. Mas para a maioria das entidades é fato que o cenário atual favorece a concentração.

“O atual ambiente macroeconômico induz a uma postura mais conservadora”, reconhece Maurício.

Garcia chama a atenção para um outro ponto para o qual as atenções das fundações estão se voltando, além das NTN-Bs. Ele percebe o crescimento do interesse pelos investimentos no exterior. Fora disso, afirma, o resto é pontual, se resumindo a pequenos movimentos de ajuste. Estão nessa categoria, segundo ele, na renda variável, a troca de ações de small caps e investimentos em índices por papéis de empresas com chances de criar valor. Declina também o apetite por imóveis, enquanto em relação aos multimercados o que há é a substituição de uma sub-classe por outra. Numa outra direção, cresce moderadamente o apetite por papéis de crédito privado e private equity.

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão