Ao longo do mês de Junho, o cenário externo moveu-se em diferentes direções, com a volatilidade aumentando, a partir da segunda semana do mês, com foco nos EUA, onde o aumento no número de casos de Covid-19 voltou a preocupar, e somou-se a um recrudescimento da tensão racial e a deflagração de uma onda de protestos pelo país. Por outro lado, a redução do isolamento social nos países desenvolvidos, nos últimos meses, tem colaborado para a trajetória de recuperação da atividade global.
No Brasil, diversas cidades começaram o relaxamento do isolamento social, sugerindo que o momento de contração mais aguda da economia tenha ocorrido no mês de abril. No mês, a inflação superou as expectativas do mercado, apesar de baixa, principalmente se comparada ao seu histórico, e os dados de atividade surpreenderam com números menos negativos do que se esperava.
O comitê de política monetária do Banco Central realizou um corte adicional de 75 bps na taxa básica de juros (Selic), reduzindo a taxa para 2,25%, em sua nova mínima histórica. No campo político, a aprovação do Novo Marco do Saneamento pelo Senado foi bastante importante e positiva, à medida que agregará amplo potencial de atração de recursos privados para investimentos no país.
Ao longo do mês, o mercado de juros teve desempenho positivo, com fechamento das taxas de juros reais e nominais, nos vencimentos intermediários e longos. Na parte de moedas, ocorreu um aumento na volatilidade do Dólar contra o Real. No mercado de crédito privado, observou-se uma melhora significativa que se refletiu no bom desempenho dessa classe de ativos.
O Ibovespa subiu 8,8% e fechou o semestre com queda de 17,8%. Os níveis de preços atuais continuam a exigir cautela na alocação em ações, embora entendamos que o impulso fiscal e monetário ao redor do mundo, incluindo no Brasil, deve continuar suportando o fluxo positivo de recursos para o mercado acionário. A possível recuperação dos dados de atividade econômica, em conjunto com um ambiente de juros baixos e liquidez abundante, favorecem o apetite a risco e a migração da classe de ativos de Renda Fixa para a Bolsa.
Adicionalmente, o cenário doméstico atravessa momento de trégua na esfera política, ao mesmo tempo em que se observa certa redução das contaminações pelo novo coronavírus em grandes centros. Isso aumenta a confiança dos agentes, permitindo um desempenho melhor para os ativos considerados de maior risco.