Fundos de pensão investem em empresas responsáveis

O Brasil poderá sediar, no segundo semestre desse ano, uma conferência internacional da qual participariam alguns dos representantes dos maiores fundos de pensão do mundo, de países como Estados Unidos, Noruega e outros países europeus, para discutir o papel destas instituições na promoção do trabalho decente, disse Stanley Gacek, Diretor Adjunto do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.
Ele lembrou que vários gestores de fundos de pensão internacionais vieram ao País em 2004, no contexto da busca por investimentos social e ambientalmente responsáveis, e nos dois anos seguintes para cá direcionaram mais de 500 milhões de dólares. “Isso mostra bem como é perfeitamente possível compatibilizar responsabilidade com perspectivas de bom retorno do capital alocado”, disse Gacek.
Atualmente, em todo o mundo os fundos de pensão movimentam o equivalente a 26 trilhões de dólares e, no Brasil, cerca de 600 bilhões de reais.
Ele participou, juntamente com especialistas da Organização de um evento promovido na semana passada pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), no Rio de Janeiro, durante o qual foi discutido o tema “Sustentabilidade e o Papel dos Fundos de Pensão no Brasil”. O objetivo do encontro foi estimular o debate sobre o assunto e acelerar os desdobramentos das ações previstas no Protocolo de Intenções assinado entre o Ministério da Previdência e a OIT, em 2011.
Este protocolo tem o objetivo de fazer com que as políticas de investimento dos fundos de pensão auxiliem na promoção do “trabalho decente”. “Uma visão apenas financeira não adverte nem prepara para os riscos que podem estar presentes em investimentos em empresas e projetos que desconsideram a responsabilidade social e ambiental”, disse Helmut Schwarzer, Especialista Sênior em Seguridade Social da OIT para as Américas.
Helmut Schwarzer lembrou que o acordo entre a OIT e o Ministério da Previdência amplia a preocupação dos fundos de pensão em evitar investimentos em empresas que degradem de alguma forma as condições de trabalho. Citou estudo no qual se prevê que até o final desta década cerca de 20% dos investimentos serão feitos em empresas social e ambientalmente responsáveis.
Stanley Gacek observou que nos últimos 25/30 anos os fundos de pensão têm evoluído no processo de investimento socialmente responsável, levando em conta também as Normas Internacionais do Trabalho da OIT para orientar suas inversões, como acontece nos Estados Unidos. A ideia é que também no Brasil, a partir do protocolo firmado entre a OIT e o Ministério da Previdência, estes investidores também se comprometam em adotar como parâmetros as normas da Organização e o conceito de trabalho decente. (Notícias da OIT)