Relatório Mensal de Investimentos

No mês de abril, a incerteza quanto à definição dos principais temas monitorados pelos investidores, fez com que a volatilidade dos mercados continuasse elevada. No cenário global as preocupações com a inflação persistente têm feito os bancos centrais dos países desenvolvidos subirem o tom com relação ao aperto monetário. O Fed (Banco Central Americano) iniciou o ciclo de alta de juros subindo 0,25pp em março, entretanto, sinalizou que pode acelerar o ritmo com aumento de juros mais agressivos devido à inflação pressionada.

O conflito entre Rússia e Ucrânia, segue sem definição, e o acordo de cessar-fogo entre os países parece estar distante. O conflito no leste europeu, além dos danos humanitários, prejudica também a perspectiva de crescimento global, uma vez que a alta nos preços das commodities gera maior pressão inflacionária.

Nesse contexto, o S&P500 recuou 8,80% e o Nasdaq caiu 13,3%, registrando seu pior mês desde 2008, pressionado pela inflação crescente e taxas de juros em ascensão. O rendimento do título do governo americano de 10 anos fechou o mês com alta de 25,5%, com o yield cotado a 2,94%a.a.  

A pressão inflacionária tem sido sentida em maior magnitude pelos países Europeus por conta da dependência do gás que vem da Rússia. A redução do fornecimento da matéria-prima tem afetado a matriz energética dos países do bloco. No entanto, mesmo em meio a uma maior pressão nos níveis de preço, o Banco Central Europeu segue um discurso mais brando com relação ao início do aperto monetário na região, gerando um risco maior de desaceleração econômica mais intensa na Europa do que em outras regiões do mundo.

Na China, o lockdown para conter a disseminação do Covid-19 prejudica a dinâmica das cadeias produtivas à medida que restrições de circulação provocam atrasos em fretes internacionais e aumento de custos. A situação representa um risco adicional para a inflação global, prolongando o choque que já se estende desde a primeira onda do Coronavírus e se agrava com a Guerra na Ucrânia. Além disso, os PMI’s da China divulgados no fim de semana mostraram que o setor manufatureiro foi gravemente afetado pelo pior surto de covid-19 que o país enfrenta desde o início da pandemia. O PMI industrial chinês medido pela S&P Global caiu para 46 em abril, apontando a contração mais intensa na manufatura desde fevereiro de 2020.

Em meio a este cenário, o dólar americano vem se fortalecendo em relação às principais moedas devido à perspectiva de alta mais intensa de juros por parte do Fed. O índice DXY (dólar frente a uma cesta de moedas) subiu cerca de 5% em abril.  As moedas de mercados emergentes se desvalorizaram significativamente em abril, o Real por exemplo, fechou o mês cotado a R$4,97 reais para um dólar, uma desvalorização de aproximadamente 4,80% com relação ao fechamento de março.

No Brasil, assim como no restante do mundo, a inflação também segue pressionada. O IPCA 15, considerado a prévia da inflação, acelerou para 1,73% em abril, 0,78 ponto percentual acima da taxa de março, sendo a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003. Esse resultado foi influenciado principalmente pelo aumento no preço da gasolina, que teve alta de 7,51% e contribuiu com o maior impacto individual no índice do mês.

O cenário de juros global mais elevado e o FED sinalizando um aumento mais acentuado na taxa de juros americana somados a uma inflação persistente no Brasil, faz com que o cenário de uma taxa Selic de dois dígitos por um tempo mais prolongado ganhe força. Com isso, acompanhar a comunicação do Banco Central (BC) nas próximas reuniões se torna importante para entendermos como será a sua reação diante desses fatos.

Como resultado dos fatos citados, a classe de ativo local que mais sofreu foi a de ações. O Ibovespa teve um desempenho negativo de 10,10%, apagando boa parte do ganho que havia acumulado no ano de 2022. Na classe de renda fixa, embora as taxas dos contratos de juros futuros tenham aberto ao longo de toda a estrutura da curva, o desempenho dos papéis atrelados à inflação foi positivo, principalmente os de vencimentos mais curtos, por conta da inflação elevada. O IMA-B5 subiu 1,56% no mês de abril.

Os fundos multimercados local, embora o mês desafiador, também conseguiram capturar bons ganhos e o IHFA (índice de fundos multimercados da Anbima) teve o mês positivo de 1,01%. Os ativos pós-fixados seguem a trajetória de elevação da Selic e continuam entregando ganho nominal elevado. O IDA-DI (índice da Anbima que mede o desempenho dos ativos de crédito privado emitidos em CDI) rendeu 1,02%, equivalente a aproximadamente 120% do CDI. Importante ressaltar que o bom desempenho do índice parte se deu pelo fechamento do spread de crédito dos papéis.