A caminho de um novo modelo

Já há algum tempo se discute a realização de mudanças mais profundas na previdência complementar, em que se busque atrair novos participantes a partir de abordagens que rompam com o tradicional. Não é de hoje que as transformações demográficas, econômicas e sociais experimentadas por nosso país nas últimas décadas vêm deixando reflexos na relação entre empregado e empresa e, por consequência, entre plano de aposentadoria e participante.

Corroborando a veracidade de tais percepções, vê-se claramente o desejo pelo desenvolvimento e implementação de novos modelos de planos de benefícios, como uma das muitas tendências identificadas pela 3ª edição da pesquisa Raio-X da Previdência Complementar, numa primeira análise dos dados. Estes foram fornecidos por mais de 150 entidades, cujas respostas já passaram por uma leitura preliminar.

“O maior interesse está em planos CD aprimorados, que contem com mecanismos de proteção dos investimentos e dos benefícios, seguido de perto por planos que tenham o mesmo funcionamento tributário dos VGBL existentes na previdência aberta e por outros que permitam a utilização dos recursos para cobertura de gastos de saúde futuros dos participantes”, comentou Guilherme Gazzoni da Mercer, uma das empresas responsáveis pela realização da pesquisa.

Atenção máxima – Esse interesse por novos planos demonstra que as entidades estão, cada vez mais, atentas aos anseios da população, buscando com isso se adequar às novas formas de acumular renda e de usufruir da poupança.

“Antes as pessoas não se aposentavam, só paravam de trabalhar quando morriam ou se invalidavam. O conceito de aposentadoria, como uma interrupção abrupta do trabalho a partir de certa idade, foi criado no século XIX pelo chanceler alemão Otto von Bismark. Mas mudanças na sociedade, na demografia e no mundo econômico já estão mudando esse conceito. Ainda no século XXI a aposentadoria como a conhecemos hoje – um evento abrupto – deixará de existir. As pessoas continuarão trabalhando em ritmos diferentes, em momentos diferentes da vida, e a barreira entre a acumulação/poupança para a aposentadoria e a desacumulação/renda de aposentadoria, simplesmente cairá. Paralelamente, o conceito de poupança para a aposentadoria será substituído por gestão de patrimônio, fazendo com que o foco único em previdência complementar seja ampliado e passe a incluir todas as fontes de renda do indivíduo ” – afirmou Eder Carvalhaes, da Mercer.

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão