Relatório Mensal de Investimentos

O ano de 2020 começou de forma conturbada, com bastante ruído no cenário internacional. Inicialmente, o conflito EUA-Irã aumentou a volatilidade nos ativos e, logo em seguida, as incertezas relacionadas a uma potencial epidemia do coronavírus, afetaram negativamente os mercados. Ainda não é possível mensurar qual será o efeito desta epidemia sobre a economia global, uma vez que o número de casos ainda não se estabilizou. O clima é de incerteza a respeito do potencial impacto negativo sobre o crescimento do PIB chinês, em especial, e à intensidade dos reflexos nas demais economias do mundo. Estima-se que os efeitos na economia global podem ser maiores dessa vez, quando comparados à surtos ocorridos no passado, como o SARS (síndrome respiratória aguda) em 2003, por exemplo. A relevância da economia chinesa, atualmente em cerca de 17% do PIB mundial, é bem maior quando comparada àquela verificada em 2003, da ordem de 4%. Em termos de comércio mundial a importância é ainda maior, não apenas na manufatura como também nas commodities. Neste sentido, o crescimento global deve ser mais afetado dessa vez, com redução do ritmo de expansão em quase todos os países. Por outro lado, algumas análises apontam que o efeito negativo sobre as economias deverá ser transitório e mais concentrado no primeiro trimestre do ano.

No Brasil, os indicadores de atividade econômica brasileira referente ao final do 4º trimestre vieram mais fracos que o esperado. A produção industrial brasileira, em especial, teve quedas em nov/19 e em dez/19. O faturamento real de serviços voltou a cair, e as vendas no varejo, por sua vez, frustraram as expectativas de crescimento. Uma das razões que pode explicar a desaceleração da atividade em novembro é a economia global, com efeito da guerra comercial e da piora do crescimento em países vizinhos do Brasil (como Argentina e Chile). Entretanto, mesmo os dados mais ligados à demanda doméstica, como as vendas no varejo, frustraram as expectativas. O PIB de 2019 deve crescer 1,2%, após revisão para baixo em relação ao 4º trimestre, e para 2020 a projeção foi reduzida para 2,5%.

Neste contexto, o Ibovespa encerrou o mês acumulando perda de 1,63% no mês – o primeiro desempenho negativo para janeiro desde 2016. O dólar fechou janeiro em nova máxima histórica, em R$ 4,2850, com o aumento da preocupação dos investidores dos efeitos da rápida disseminação do coronavírus na economia mundial, acumulando valorização de 6,8% frente ao real no ano. Em função de números mais fracos do que se esperava sobre o desempenho na economia referente ao final do 4º trimestre de 2019, divulgados na 1ª quinzena no mês de jan/20, o mercado passou a precificar uma maior probabilidade de corte adicional de 25 pontos-base da Selic, na primeira reunião do ano que ocorrerá na 1ª semana de fevereiro. Por ora, os eventos de janeiro não mudam nosso cenário de longo prazo, de modo que a alocação dos portfólios deve continuar otimista. No entanto, a recuperação cíclica da economia é importante para que não ocorram possíveis decepções e impactos na percepção de risco e nos preços de mercado. Na cena externa, a incerteza trazida pelo coronavírus demanda cautela.