Saiba como as dívidas surgem e como evitá-las

Dívidas, embora muito frequentes na vida financeira da maioria das pessoas, são o maior obstáculo na conquista de um orçamento saudável. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 67% das famílias brasileiras estão com dívidas em aberto com bancos, cartão de crédito ou crediário. “Dívidas, geralmente, são contraídas de duas maneiras: situações emergenciais e hábitos ruins, às vezes uma combinação de ambos.”, é o que afirma o educador financeiro André Bona. Apesar de serem contraídas especialmente destas duas maneiras, a segunda – os hábitos ruins – é a única controlável. “Muitas pessoas sem situações emergenciais, mas por conta de hábitos ruins, podem desenvolver dívidas enormes e passar a vida inteira sem conseguir sair delas. Isso, naturalmente, vai impedir com que elas realizem outras coisas que gostariam de alcançar”, explica Bona.

O educador financeiro enquadra esses hábitos como impulsos consumistas, bastante comuns na sociedade. Não acompanhar as finanças, comprar roupas sem necessidade ou mesmo sair para almoçar durante a semana, quando, em tese, o orçamento não permitiria esse luxo, estão entre os maiores responsáveis pelo panorama desanimador. “Ao se deparar com essa situação, não precisa se sentir mal ou constrangido, pois é algo com que temos que lidar. Todo mundo passa ou já passou por alguma necessidade. Naturalmente, temos que nos desenvolver para modificar isso e não fazer dessa dificuldade um problema ainda maior.”, completou.

Para lidar melhor com dinheiro, um pouco de autoconhecimento também ajuda. “Sem saber quem são, e como gastam, os indivíduos acabam não fazendo as melhores escolhas financeiras, de carreira, da vida afetiva e de sua própria vida”, afirma o psiquiatra Victor Bigelli, formado pela Faculdade de Medicina da USP e professor da Exame Academy. Se por um lado os extrovertidos são mais propensos a conseguir mais oportunidades e melhores remunerações, os introvertidos, por outro, tendem a conseguir fazer um melhor planejamento. Saber os pontos fortes e fracos de cada um, com certeza é um bom primeiro passo para começar.

Já sobre as dívidas adquiridas em consequência de situações emergenciais, como a pandemia da COVID-19, Bona reforça a importância de ser vigilante nas decisões financeiras e definir, muito bem, as prioridades. Emergências, como o próprio nome sugere, não podem ser previstas e a dívida pode, em pouco tempo, se tornar incontrolável. Dessa maneira, é fundamental organizar as finanças exatamente para que quando os imprevistos aconteçam, haja um maior controle sobre o dinheiro.

“O primeiro passo para descobrir como as dívidas surgiram e como resolvê-las é encarar os fatos, com coragem e maturidade. A partir daí, o problema fica claro e as soluções começam a aparecer.”, afirma Bona. “As dívidas podem começar a ser controladas a partir de qualquer momento. É uma decisão.”, completou. “Muitas pessoas não gostam de olhar suas finanças porque sabem que vão se deparar com uma situação desagradável. Temos que ter a maturidade de que aquilo nada mais é do que um espelho financeiro do nosso comportamento no dia a dia”, diz 
Bona. E aconselha: “A primeira coisa a fazer para resolver suas dívidas é entender claramente de onde vem o endividamento. À medida que você ganha clareza sobre isso, se torna apto a começar o trabalho de melhorar. E isso só é possível depois de entender de onde exatamente vem o problema”.

(Fonte: Exame)