Problemas financeiros e saúde mental: como um afeta o outro

Problemas financeiros afetam a saúde mental, visto que compõe uma parte significativa de nossas vidas. Por isso, é essencial sabermos gerenciar os nossos recursos financeiros e termos uma relação saudável com o dinheiro para conservar a saúde mental.

Muitos problemas surgem quando não se tem uma condição financeira favorável, então pagar contas básicas se torna desafiador e lidar com emergências, como um acidente de carro ou o diagnóstico de uma doença, fica complicado quando não se tem uma reserva guardada.

Além disso, as possibilidades de lazer diminuem, dado que nem sempre é possível ir a restaurantes, pontos turísticos e eventos sociais. Apesar de o dinheiro não ser totalmente necessário para ter bons momentos com pessoas queridas e esfriar a cabeça após uma semana de trabalho, com ele podemos ter experiências diversificadas.

Psicólogos explicam que a saúde mental é alcançada através do equilíbrio de vários componentes presentes em nossas vidas, como vida social, vida financeira, vida profissional, vida amorosa, entre outros. Por isso, ao longo de nossas vidas, precisamos trabalhar para ter uma situação confortável em todas elas, evitando excessos.

Como problemas financeiros afetam a saúde mental?

A constante preocupação com problemas financeiros afetam a saúde mental e as dívidas desencadeia estresse, ansiedade e pode até causar pânico. Quando a apreensão fica fora de controle, ela começa a afetar os nossos hábitos diários, como a rotina do sono e os hábitos alimentares, bem como a qualidade dos nossos pensamentos e emoções.

Em seguida, veja as diversas maneiras que os problemas financeiros podem afetar a saúde mental.

1. Desconforto físico e emocional

A dificuldade para manter o bem-estar físico através da alimentação, de um bom lugar para morar, do acesso fácil à água e eletricidade e de medicamentos para cuidar da saúde também afeta a saúde mental. Então aos poucos, você começa a ficar irritado, angustiado e estressado por não conseguir satisfazer as suas necessidades básicas.

2. Estresse

O estresse é uma das principais consequências dos problemas financeiras. São poucas as pessoas que não ficam apreensivas e conseguem manter a foco em encontrar soluções para os seus problemas, ou que não guardam o estresse para si.

A descarga contínua de cortisol, o hormônio do estresse, no organismo aumenta a suscetibilidade a doenças psicossomáticas. Você pode sentir as consequências tanto no momento presente quanto muitos anos depois, como resultado de um estilo de vida estressante.

3. Problemas interpessoais

Da mesma forma, problemas financeiros afetam a saúde mental a vida social e os relacionamentos. Você pode se sentir isolado socialmente porque não consegue acompanhar os amigos ou colegas de trabalho em saídas da maneira que gostaria.

Também pode se sentir de fora de conversas acerca de tópicos relacionados ao dinheiro, como recentes aquisições e viagens.

Quando se está em um relacionamento afetivo, os conflitos podem se multiplicar devido à cobrança do cônjuge para melhorar a condição financeira e aos perrengues resultantes da falta de dinheiro. Ver os filhos sofrerem com essa situação é uma experiência difícil para muitos casais e, mas em alguns casos, pode levar ao fim do relacionamento.

4. Baixa autoestima

Ao ver os demais conseguirem o que você deseja por terem condições para tal, você pode se sentir diminuído e passar a acreditar que não merece frequentar os mesmos ambientes que eles ou fazer parte daquele grupo de amigos. Então essa sensação de inferioridade é comum entre adolescentes, jovens e adultos que possuem apreço por bens materiais.

5. Esgotamento emocional

Problemas financeiros podem causar diversas emoções fortes em um curto período, como vergonha, dúvida, medo, estresse, raiva e tristeza. Com o tempo, você pode se sentir sobrecarregado, como se não possuísse um momento sequer para não se preocupar com problemas relacionados ao dinheiro.

Pensamentos associados ao dinheiro

Você pode pensar que os problemas financeiros são somente causados pela irresponsabilidade ou por crises econômicas, um fator externo sobre o qual não temos controle. Mas não é bem assim. Há muitas questões psicológicas associadas ao dinheiro.

As pessoas pensam de maneira diferente em relação a ele e, ao contrário do que se costuma acreditar, nem todos os pensamentos são positivos.

Embora o dinheiro seja um recurso indispensável para sobrevivermos e levarmos uma vida de qualidade, muitos nutrem emoções e crenças negativas a seu respeito. Deste modo, não tomam as melhores decisões financeiras para a sua vida e acabam se endividando.

Por isso, conheça algumas crenças e sentimentos comuns que as pessoas possuem são:

  • Culpa por gastar dinheiro, especialmente consigo mesmo. Esse sentimento aparece mesmo quando se possui condições financeiras favoráveis;
  • Culpa por não conseguir cuidar das próprias finanças e precisar de ajuda (de pessoas próximas ou de instituições financeiras) para sanar dívidas;
  • Vergonha por precisar de ajuda financeira ou por não conseguir ter as mesmas posses que os amigos;
  • Vergonha por gastar dinheiro como forma de elevar o humor ou obter uma sensação de bem-estar. Essa atitude é comum em pessoas que não possuem bons mecanismos emocionais para lidar com o estresse ou situações ruins, por exemplo;
  • Acreditar que não merece ganhar bem porque não reconhece as próprias competências ou possui baixa autoestima. Dessa maneira, a pessoa pode cobrar menos por serviços prestados ou se sentir incomodada quando tem um bom salário;
  • Estresse se estiver sob pressão para prover para si mesmo ou para outras pessoas;
  • Cansaço por precisar buscar múltiplas fontes de renda; e
  • Medo de encarar os problemas financeiros, como buscar soluções para as dívidas criadas por si mesmo, levando ao agravamento da situação.

Portanto, compreender a maneira como você enxerga o dinheiro e se relaciona com ele pode ajudá-lo a tomar decisões financeiras mais apropriadas para a sua vida.

Como administrar a vida financeira?

Como dito, para termos saúde mental e bem-estar, precisamos trabalhar constantemente para cuidar das múltiplas esferas da nossa vida. Entretanto, no mundo em que vivemos, a plenitude ainda é um conceito inatingível, então não se sinta mal se não conseguir ficar bem o tempo inteiro.

Problemas podem aparecer a qualquer momento e abalar as nossas vidas de maneiras impensáveis. Por conta disso, o autocuidado deve ser um esforço contínuo. Quando possuímos o nosso bem-estar como foco, conseguimos passar por momentos difíceis com considerável facilidade, pois nos esforçamos para cuidar de nós em todas as ocasiões.

O mesmo conceito pode ser aplicado especificamente à vida financeira! Portanto, veja algumas maneiras de evitar problemas financeiros e, consequentemente, cuidar da saúde mental, abaixo:

1. Não se culpe

    Se você está com problemas financeiros, evite se desesperar ou se culpar por ter se colocado nessa posição, mesmo que suas decisões também estejam afetando outras pessoas. Cometer erros faz parte da jornada de vida de todos nós, por isso, foque as suas energias em encontrar soluções cabíveis para a situação e tomar decisões para melhorar a sua condição de vida atual.

    2. Faça um planejamento financeiro

    Planeje as suas finanças para evitar gastar demasiadamente e equilibrar as despesas com necessidades básicas, lazer e desejos.

    Você pode utilizar uma planilha, um aplicativo ou um caderno para fazer anotações mensais. Portanto, revisite o seu planejamento a cada vez, principalmente se estiver guardando dinheiro para um fim específico. Se achar necessário, invista em um curso de planejamento financeiro.

    Essa pode parecer uma dica óbvia, mas nem todas as pessoas dedicam o seu tempo para administrar o dinheiro que possuem. Muitas ultrapassam o limite do cartão, parcelam diversas aquisições que não podem pagar, gastam com bobeira, por isso, gastam com outras pessoas, não possuem uma reserva para emergência, entre outros.

    3. Peça ajuda quando necessário

    Evite alimentar a culpa, o medo e a vergonha, por mais que, à primeira vista, se entregar a esses sentimentos possa parecer confortável. Eles, na verdade, não ajudam ninguém a resolver problemas. Pelo contrário, prendem as pessoas a situações difíceis desnecessariamente.

    Qualquer momento de adversidade, por mais longo que pareça ser, é temporário. Eles não definem a vida ou o caráter de ninguém. Assim, não tema o julgamento alheio e peça ajuda quando necessário.

    4. Desenvolva maneiras melhores de lidar com as emoções

    Não é raro encontrar pessoas que recorrem às compras para afastarem emoções e pensamentos que comprometem o seu bem-estar, então na tentativa de aliviar a tensão e obter prazer momentâneo, compram roupas, alimentos ou objetos que costumam lhe trazer alegria.

    Além de não solucionar a raiz do problema, o risco de endividamento desse hábito é enorme, o que causa mais sofrimento emocional. Portanto, se você tende a recorrer às compras para lidar com emoções complicadas, comece a buscar outras maneiras de administrá-las. Se não sabe como fazer isso, considere procurar ajuda na psicoterapia.

    Fonte: Psicólogo e Terapia