Os fundos de pensão e a dívida pública

Segundo o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Otávio Ladeira, com a expansão contínua do crédito, a tendência é que os bancos comecem a financiar menos o governo federal. Mas isso é um processo de longo prazo, diz, lembrando que a estratégia geral está focada para ampliar e diversificar a base de investidores em governo. Isso significa distribuir melhor os títulos de forma a não concentrar na mão de determinados grupos. “Isso é para evitar que todos se movam numa mesma direção em momentos de volatilidade”, disse. Segundo ele, os integrantes do Tesouro têm entrado em contato com os grupos compradores de títulos para “aconselhar” a posse de títulos conforme a necessidade da categoria.

Os fundos de investimento e carteira própria de previdência aberta e fechada são um exemplo claro desse movimento de “convencimento” do governo. Ladeira lembra que, há seis anos, o grupo de previdência complementar — embora precise de ativos casados com o longo prazo — tinha mais títulos de curto prazo em carteira do que ao contrário. Agora, 72,6% dos papéis desse setor são de índices de preços, 14,4% prefixados e apenas 12,9% corrigidos pela Selic de um total de R$ 256,9 bilhões em títulos encarteirados. “Mas isso é um trabalho de longo prazo porque o Tesouro também depende da mudança de cultura dos detentores”, afirmou Ladeira.(Brasil Econômico)